O mais
importante em uma história em quadrinhos é a história. Narrativa,
desenhos, enquadramento, roteiro, balões, letreiramento, são todos
recursos disponíveis para contá-la. Por melhor que seja qualquer
desses recursos isoladamente, como o desenho, ele não salva uma má
história. Uma história ruim com belos desenhos será, no máximo,
um ótimo portfólio como referência. Não será uma boa história
em quadrinhos.
No momento,
aqui, trato do roteiro. Assim como qualquer criação depende de
inspiração e talento, também depende de técnica. O processo de
confecção do roteiro passa pela ideia, sinopse e argumento.
O argumento
é a história em si, com suas consequências e impressões. É o
primeiro estágio de organização da história. É o que se quer
contar. O roteiro é uma descrição técnica detalhada do argumento.
É uma ferramenta. Ele deve deixar claro aos demais envolvidos no
processo, o desenhista, especialmente, como será, o que conterá, de
que ponto de vista, cada página, cada quadrinho.
Não há um
formato de roteiro para HQ. Ele varia conforme o método de trabalho.
Para os Estúdios Maurício de Sousa, o roteirista deve esboçar toda
a HQ, colocando personagens, balões e onomatópeias, para se
entregar ao desenhista. Já é a hq, só que mal desenhada. Já Alan
Moore (na imagem) por exemplo, apenas escreve. Ele descreve
quantos quadrinhos terá cada página, como serão os formatos de
cada quadro, quem está no quadro, em que ângulo, dizendo o quê.
Fora isso, dizem que ele coloca tantas referẽncias (fontes de
pesquisa, fotos, história, filmes) por quadro que, para uma hq de
vinte e poucas páginas, escreveria uma lista telefônica. Empresas
como DC e Marvel devem ter seu próprio padrão de roteiro.
A estrutura
do roteiro traz cinco elementos: a) trama: o enredo (story-line), o
encadeamento de situações que desenvolvem a história; b) conflito:
o problema proposto ao personagem, o que dá movimento à história;
c) ações: atitudes do personagem para solucionar o conflito; d)
clímax: é o ápice da ação/emoção, o momento derradeiro da
história; e) desfecho: como termina a história.
É
fundamental que o roteirista de uma hq tenha o domínio da técnica.
Assim, ele terá noção dos recursos que têm a mão, de forma a
permitir conduzir a história conforme a ideia, de modo a atingir sua
intenção inicial.
Estrutura
padrão para uma hq de quatro páginas:
Página 1:
Situar o leitor, apresentar o personagem, onde se passa a história,
e deixar o primeiro ponto de virada (apresentação do conflito),
geralmente nos últimos quadrinhos;
Página 2:
desenvolvimento - o personagem tentando resolver o conflito;
Página 3:
continua o personagem tentando resolver o conflito. Nos últimos
quadrinhos o ponto de virada (a deixa que vai levar para o fim da
história); e
Página 4:
resolução do conflito e desfecho.
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